Refletir sobre o tema do luto é abordar a posição do sujeito frente à morte e também frente ao sexo. Podemos colocar ambas questões em paralelo, devido a estrutura similar que morte e sexualidade ocupam no psiquismo do sujeito, pois ambas constituem um limite real do que não se pode simbolizar.
Em “Considerações sobre a guerra e a morte” (1915), Freud nos ensina que não há uma completa simbolização da morte e sexualidade.
Portanto, sexualidade e morte possuem um núcleo real impossível de se inscrever, que assim possibilitam seu retorno através de um mal estar e em forma de sintoma.
Diante do imediatismo dos tempos atuais, na lógica do "time is money", na qual o sujeito enlutado é marginalizado e não possui espaço social para elaborar e falar sobre a morte, a análise se torna um lugar possível de acolhê-lo e elaborá-lo. Seja o luto referente à perda de uma pessoa amada, pátria, liberdade, ideal... No caso de um luto de um ente querido, há uma perda real de um objeto que produz um furo que o significante é incapaz de suturar.
A psicanálise propõe-se em tratar o real pela via do simbólico, restituindo a trama significante e propiciando um confronto com o furo real. E assim, impulsionando o sujeito a recompor o mundo simbólico e também fazer algo com
este vazio, isto é, recuperar a função de causa de desejo.
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